
UM AQUÁRIO
DENTRO DA ESCOLA!
Kinguios
espetaculares nadam no aquário da escola
Muitas pessoas devem se lembrar
de ter cuidado de kinguios no aquário da escola[1].Foram eles que nos ensinaram a felicidade que é ter um animal de
estimação e a valorizarmos a vida, mesmo que pequenas. Foi a partir de
lembranças como essas que fomos conhecer uma escola que tem seu próprio aquário
público.
Esta é
realmente uma sala de aula?
Na Escola Particular de Ensino
Fundamental Nakayama, localizada na cidade de Ichikawa, na província de Chiba,
uma sala vazia foi reaproveitada como aquário publico. Ao colocar os pés na
sala, por alguns momentos esquecemos que estamos em uma escola, tamanha
surpresa dos mais de 50 aquários colocados lado a lado no local. A maioria são
kinguios de diversas variedades: ranchu, hamanishiki,orandashishigashira, ping-pong
pearl, entre outras espécies ficam expostas nos aquários da sala.
Quem cuida de todos eles são o responsável geral do aquário, professor Kokubo
juntamente com os alunos do grupo de encarregados do aquário. São
aproximadamente 20 alunos do 6o ano que são responsáveis cada um por
determinados aquários. Esses aquários recebem etiquetas com o nome do aluno
responsável. Como cada um tem a tarefa de observar e cuidar dos aquários sob
sua responsabilidade, as crianças adquirem noções de responsabilidade no
cuidado de animais e aprendem a apreciar seu desenvolvimento.
O aquário funciona no horário normal
das aulas e qualquer aluno, mesmo que não faça parte do grupo de encarregados,
pode visitar os peixes quando quiser. Por se localizar no caminho para a quadra
de esportes, muitas crianças param e dão uma espiada nos intervalos e nas
trocas de salas. Um dos espécimes mais queridos pelas crianças e o gracioso ping-pong
pearl. Professor Kokubo diz que “muitas crianças gostam dos kinguios,
tanto pelas cores vibrantes como pelo fato de serem bonitinhos”.
Atualmente o aquário é composto por kinguios em sua maioria, mas, no inicio do
projeto, a sala era chamada de Sala de observação de animais. Nela
ficavam principalmente peixes de água doce e alguns tipos de besouros, mas as
crianças não demonstravam muito interesse em visitá-la. Foi então que surgiu a
idéia de colocar os kinguios, alguns com fisionomia bonitinha, outros com
formatos inusitados e muitos bem coloridos. Aos poucos os alunos foram se
interessando pelo aquário e, conseqüentemente, pela criação de animais.
Da criação
à reprodução
A maioria das crianças que se voluntariam para fazer parte do grupo de
encarregados nunca cuidou de um kinguio. Logo, sempre no mês de abril[2], o professor Kokubo ensina todos os
passos da criação de kinguios para os alunos. Ele explica detalhadamente as
tarefas de rotina como limpeza da água e manutenção dos filtros e, em pouco
mais de um semestre, os alunos conseguem cuidar dos aquários tranquilamente.
Como o professor Kokubo sempre faz uma vistoria geral no final de cada
atividade, as crianças se sentem mais confiantes e podem aproveitar melhor
processo de criação dos peixes.
Existem muitos pontos que devem ser considerados quando se trata de criação de
peixes ornamentais e, com certeza, o cuidado com as doenças pode ser destacado
como um dos mais importantes. Quando perguntamos sobre como o assunto é tratado
neste aquário, professor Kokubo diz que “realmente, o problema das doenças
existe e nos atormenta bastante. Já houve casos que, quando percebemos era
tarde demais e perdemos muitos peixes de uma só vez. Mas tentamos usar essas
experiências como aprendizado para evitar futuros problemas e sempre pensamos
em formas criativas para aprimorar os cuidados.
Colocar elementos
purificantes como turmalina, bakuhanseki[3] e carvão na água e filtrá-la com a ajuda de uma bomba de ar é um dos
cuidados que temos com a qualidade da água antes de utilizá-la nos aquários.
Alem disso, sempre ficam estocados dois tipos de águas: uma aquecida e outra em
temperatura ambiente. Assim, os alunos podem vir nos seus melhores horários
para a manutenção dos aquários e controlar a temperatura da água para evitar o
desconforto e outras conseqüências do choque térmico gerado no momento da troca
de água”.
Neste aquário é feita além da criação de ranchu, a reprodução da espécie. Os
alevinos gerados são distribuídos gratuitamente aos interessados. Os ranchu,
por serem mais frágeis e terem desenvolvimento mais lento quando comparado com
os wakin, possuem alevinos igualmente frágeis e suscetíveis a doenças, o que
dificulta a sua manutenção. Por isso, os alevinos são entregues aos cuidados
dos alunos só depois que atingem um bom tamanho. O mesmo acontece com a maioria
dos outros peixes que são entregues aos alunos somente quando atingirem certo
tamanho.
Ajudar na criação e desenvolvimento
dos peixes que nasceram na própria escola desperta o sentimento de carinho nos
alunos e muitos deles parecem estar se interessando pela ciência aquática.
Para mais
e mais crianças
Neste aquário que fica dentro de uma escola existem desde aquários pequenos até
alguns bem grandes, de quase 90 cm, além de aproximadamente 10 bandejas para os
ranchu. Conseguir montar um aquário com estrutura de tamanha qualidade não é
fácil.
Os aquários maiores e as bandejas dos ranchu foram doados pelo próprio
professor Kokubo. Quanto maior o recipiente, mais peixes pode-se colocar nele.
E esses aquários enormes, de formatos inusitados atraíram o interesse das
crianças. As bandejas são interessantes, pois é possível ter a visão de cima
dos peixes, facilitando a observação do tamanho e comprimento deles.
“Eu trouxe alguns aquários e
recipientes, mas muitos foram doados por aquaristas de todo o país que, ao
saberem da existência desse aquário diferente, quiseram contribuir de alguma
forma”, diz o professor. Além de aquários, donos de lojas de animais e clubes
de criadores colaboram doando espécies diferentes para o aquário. O que se pode
ver hoje é fruto da colaboração de muitas pessoas.
Em breve o professor Kokubo completará seis anos desde que começou a trabalhar
na escola Nakayama. “Mesmo que eu me mude daqui, no futuro, gostaria de
continuar passando para as crianças a mensagem de que criar um animalzinho pode
ser uma experiência fantástica”, comenta. Com certeza, muitas crianças terão o
a chance de entrar em contato com diferentes animais e conhecer o prazer de
criá-los. E, a partir da experiência que tiveram nesta escola de valorizar a
vida, surgirão muitos novos aquaristas.

[1] Nas escolas de ensino fundamental japonesas é muito comum cada sala ter
um aquário que os próprios alunos cuidam durante o ano letivo. Normalmente são
criados kinguios, lebistes e outras espécies de fácil manutenção. Outros
animais como coelhos, galinhas e besouros também podem ser criados nas
dependências das escolas pelos alunos, sempre com a supervisão de um professor
responsável.
[3] Mineral da Medicina tradicional chinesa, tem origem ígnea, textura
porfirítica, cor amarelada e é utilizada comumente em filtros de água.
Apoio de reportagem: Escola de Ensino Fundamental Nakayama da Cidade de Ichikawa
Texto e fotos: da Redação
0 comentários:
Postar um comentário